Resenha | O sol é para todos - Harper Lee
O livro da escritora Harper Lee é uma obra prima, ganhador do Prêmio Pullitzer de Ficção em 1961, um clássico da literatura americana, publicado pela primeira vez em 1960, com título original " To Kill a Mockingbird” (Para matar um passarinho), e na versão para português “O sol é para todos", que convenhamos nada a ver com o título original, já que pássaro imitador, citado no livro, é a metáfora da história. É um livro com temas atuais, incrível como certas atitudes se perpetuam com o tempo, como: o preconceito racial e social e injustiças fundamentadas por tradições extremamente arcaicas.
Sinopse: Um dos maiores clássicos da literatura mundial. Nesta emocionante história ambientada no Sul dos Estados Unidos da década de 1930, região envenenada pela violência do preconceito racial, vemos um mundo de grande beleza e ferozes desigualdades através dos olhos de uma menina de inteligência viva e questionadora, enquanto seu pai, um advogado local, arrisca tudo para defender um homem negro injustamente acusado de cometer um terrível crime. Uma história sobre raça e classe, inocência e justiça, hipocrisia e heroísmo, tradição e transformação, O sol é para todos permanece tão importante hoje quanto foi em sua primeira edição, em 1960, durante os anos turbulentos da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Considerado um dos romances norte-americanos mais importantes do século XX, O sol é para todos surpreende pela atualidade de seu enredo e estilo.
O história é narrada pela visão inocente de Jean Louise (Scout), uma garotinha de oito anos, que mora com o pai, advogado, Atticus Finch e um irmão mais velho Jem. A família vive na preconceituosa Maycomb, interior do Alabama, na década de 30, composta por uma sociedade americana pós-escravagista. A cidade tem sua população formada pela maioria de pessoas brancas, as quais enxergam os negros como a escória, seres inferiores e incapazes, obrigados a viver a margem da sociedade.
— Atticus, o que exatamente é um admirador de pretos? — perguntei.
[...]
— Scout — disse papai —, admirador de preto é uma dessas expressões sem sentido, como melequenta. É difícil explicar: pessoas ignorantes, sem valor, falam isso quando acham que alguém está pondo os negros acima delas. Passou a ser usada por gente do nosso meio para rotular alguém de uma forma feia e vulgar.
O livro é dividido em duas partes, na primeira narra as aventuras do trio de amigos, formada pelos irmãos Finch e o vizinho Dill, e a vida dos moradores da cidade, em especial a de Arthur Radley (Boo), um homem antissocial, que raramente sai de casa, fato que alimentou a imaginação das crianças em torno da vida misteriosa do morador da casa vizinha. Também faz um esboço da cidade completamente dividia entre brancos, os detentores de privilégios e os negros, desprovidos de direitos. Já a segunda parte, é narrado toda a injustiça racial que um negro poderia sofrer, pelo simples fato de ser negro, com um julgamento que causou grande repercussão na cidade, em que o advogado Atticus, homem branco, é designado para defender Tom Robinson, negro. A partir desse ponto o preconceito racial é intensificado e as injustiças passam ser o foco principal do enredo, que tem um desfecho, infelizmente, comum ainda nos dias de hoje, onde a classe social ou raça tem mais significado que o caráter.
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Como citado anteriormente o título “O sol é para todos", difere do original. Na versão americana (To Kill a Mockingbird) usa o pássaro imitador (Mockingbird), traduzido no Brasil para rouxinol, simbolizando a inocência, metáfora utilizada algumas vezes no livro, esse trecho define bem o título americano: “O rouxinol não faz nada além de cantar para o nosso deleite. Não destrói jardins, não faz ninho nos milharais, ele só canta. Por isso é um pecado matar um rouxinol.” Ou seja, pessoas de bem que são rotuladas pelas suas diferenças, como Arthur Radley (Boo) e Tom Robinson. Já o título “O sol é para todos", enfatiza a tese que todos são iguais, atitudes encontradas no advogado Atticus, que desafiou os padrões arcaicos sociais da época em nome da justiça e da igualdade racial, como abordado nesse trecho: “[...] todas as pessoas deveriam ser tratadas como iguais, não importa de qual cor do arco-íris elas sejam[...].” Apesar da diferença na tradução do título, ambos, faz jus aos temas abordados no livro.
Se só existe um tipo de gente, por que as pessoas não se entendem? Se são todos iguais, por que se esforçam para desprezar uns aos outros?
O sol é para todos é um livro sobre preconceito racial e social, injustiça e hipocrisia relatados pelo olhar ingênuo de uma criança inteligente e questionadora. São temas extremamente relevantes que, infelizmente, persistirão por décadas. Incita termos uma visão amplificada dos preconceitos minimizados como normais, mesmo nos dias atuais. O livro foi adaptado para o cinema em 1962, com o ator Gregory Peck no papel de Atticus Finch. Um livro para ser relido por várias vezes de tão excepcional que é esta obra.
Título: O Sol é para todosAutora: Harper Lee
Editora: José Olympio (41ª Ed. 2006)
Páginas: 350
Gênero: Ficção Drama
Classificação:⭐⭐⭐⭐⭐
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