Resenha | A Abadia de Northanger – Jane Austen
A abadia de Northanger (Northanger Abbey), é um dos livros mais cômicos de Jane Austen, possui uma narrativa divertida e Irônica. Foi publicado pela primeira vez, postumamente, em 1818. Possui um enredo leve e descontraído, principalmente, pelo fato da autora interagir com o leitor, o que deixa a leitura mais envolvente. Escrito em terceira pessoa, Austen faz uma sátira aos romances góticos da época, aos costumes dos casamentos arranjados por interesse financeiro e aos padrões de beleza.
Sinopse: Catherine Morland é uma jovem ingênua do interior da Inglaterra que adora ler romances góticos. Decidida a largar a vida tediosa do campo, aventura-se na agitada cidade de Bath. Lá, recebe um convite para visitar Northanger e se hospedar na Abadia, um lugar misterioso, sombrio e fantástico, onde viverá grandes experiências com seus novos amigos porém, a inocente menina, que ainda não aprendeu a julgar o caráter das pessoas, passará por situações não muito boas.
Título: A abadia de Northanger | Autora: Jane Austen | Editora: Principis (Ed. 2021) | Gênero: Romance de Época | Páginas: 240 | Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Nossa protagonista é a ingênua Catherine a quarta filha dos dez filhos da família Morland, ironicamente chamada de heroína, por não possuir características comumente encontrados em personagens heroicos, porém é uma garota doce e carinhosa, que sobrevive firmemente em meio a tanta futilidade sem ser influenciada pelo meio em que vive. Aos dezessete anos, ela é convidada para passar uma temporada em Bath, essa será a primeira vez que ela faz uma viagem para outra cidade, onde descobrirá os encantos da amizade e do amor. E, posteriormente, convidada para conhecer a Abadia de Northanger. Detentora de uma fértil imaginação, a curiosa Catherine se aventurará por descobrir mistérios que só uma mente inventiva e mirabolante poderia desencadear.
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“[...] eis uma circunstância peculiarmente comum na vida de uma heroína; sua firmeza em meio à provação é o que particularmente dignifica seu caráter.”
O carismático Henry Tilney é o mocinho da história, inteligente, rico, digno e brincalhão, suas conversas com Catherine são, na maior parte do tempo, bem humoradas. Os personagens secundários possuem características singulares e atuais, temos desde a engraçada Sra Allen com seus devaneios sobre vestidos e tecidos, aos hipócritas irmãos Thorpe.
Acredito que por ser o primeiro livro da autora, sua crítica tenha sido mais intensa que nos posteriores, seus comentários são pertinentes, é perceptível sua indignação ao preconceito literário da época, tido como romances banais e frívolos. E aos julgamentos de uma obra sem conhecê-la, como o trecho a seguir:
“- Já leu Udolpho, sr. Thorpe? – Udolpho!Ah, meu Deus! Não. Nunca leio romances. Tenho mais o que fazer. Os romances são cheios de absurdos e coisa parecida; nenhum razoavelmente decente foi publicado desde Tom Jones, fora The Monk, li este outro dia; mas todos os outros são a coisa mais estúpida que existe na criação. “
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Apesar dos relevantes temas abordados, este foi o livro da autora que menos gostei, achei a primeira parte meio arrastada, a partir da chegada na Abadia é que a leitura começou a fluir. Mas, isso é algo comum nos clássicos, as coisas demoram para acontecer. No entanto, há de convir que a escrita de Jane Austen é maravilhosa, o humor irônico com o qual ela narra suas histórias nos deixa absorvidos na história. Para quem gosta de romance mais adolescente, com plots pouco explorados e leitura rápida essa é uma excelente opção.
*Abadia é uma comunidade religiosa monástica cristã, sob a tutela de um abade ou de uma abadessa, que a dirige com a dignidade de pai espiritual da comunidade.
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