Resenha | A peregrina – John Bunyan (sequência de O peregrino)
"A peregrina" é a continuação do livro "O peregrino", uma belíssima alegoria escrita pelo pastor puritano inglês John Bunyan (1628-88). Após acompanharmos Cristão deixando tudo para trás e seguir rumo a Cidade Celestial, nesta sequência, veremos sua esposa Cristã e seus filhos, que não quiseram acompanhá-lo, agora decididos a seguirem o mesmo caminho traçado por Cristão, da conversão até o fim do trajeto na vida eterna.
Sinopse: Foi publicado pela primeira vez em 1684. O caminho para a Cidade Celestial será percorrido pela família de Cristão, que ficara para trás em O peregrino por ter rejeitado a proposta da nova vida em Cristo. Agora acompanhe Cristã, seus quatro filhos e seus fiéis companheiros nessa jornada cheia de inimigos, batalhas e desafios. Perceba as táticas de guerra e o refrigério proporcionado por Deus aos seus peregrinos.
Título: A peregrina | Autor: John Bunyan | Editora: Pão Diário (1ª Ed. 2020) | Páginas: 248 | Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐
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Depois que Cristão chega a Cidade Celestial, sua mulher Cristã e seus quatro filhos, Mateus, Samuel, José e Tiago, arrependem-se de terem banalizado a fé de Cristão e de tê-lo abandonado em sua trajetória. Convicta do seu erro e arrependida, Cristã decide trilhar os passos do marido, e lamenta ter permitido que seu coração endurecido tivesse também afastado seus filhos de seguir a mesma jornada do pai. Aqui nesta parte, percebemos a influência que uma mãe tem sobre os filhos, neste caso negativamente, pois Cristã foi o muro que impediu as crianças de conhecerem Jesus. E logo depois, positivamente, pois, também foi Cristã que, mais tarde, os levara até Cristo.
Diferentemente do primeiro livro, que o tema central é vida cristã individual, neste, Bunyan destaca a caminhada em conjunto, enfatizando a importância do evangelismo de crianças e jovens. O livro também foca na importância da necessidade em se ter o auxílio de pessoas que possuem a verdadeira identidade de Cristo, um companheiro na fé; uma liderança baseada em princípios bíblico, levando em consideração o fato de que são muitos os que têm Jesus nos lábios, mas não no coração – os falsos profetas –; além de fazer um esboço do cristão que continua amando o pecado.
[...] havia uma árvore cujo tronco estava apodrecido e oco, mas continuava a crescer e a produzir folhas.
[...]
Esta árvore, bela por fora e podre por dentro, pode ser comparada a muitos que se encontram no jardim de Deus: com a boca, enaltecem a Deus, mas na prática não fazem nada por Ele. Sua folhagem é Bela, mas seu coração só serve como lenha para alimentar a fogueira de Satanás. (p. 79)
Percebemos como a caminhada se torna mais fácil quando se faz em conjunto com a família e amigos. O que não aconteceu com Cristão, já que ninguém quis acompanhá-lo. Como diz Eclesiastes 4:9-10 “é melhor haver dois do que um, porque quando um cai o outro ajuda a levantar, mas se estiver sozinho e cair não terá ninguém que o ajude" (Ec 4:9-10).
A obra é impecável, um clássico atemporal cheio de aventuras e reflexões valiosíssimas para um cristão durante toda sua vida. Com uma narrativa poética são apresentados personagens, com minuciosas descrições, que nos envolve por completo na história, toda a simbologia utilizada são aspectos característicos de situações vivenciadas por aqueles que optam por abandonar o mundo e seguir uma nova vida com Cristo, com suas dificuldades e alegrias. Mostrando o quanto é difícil permanecer firme até o fim.
Há duas coisas necessárias para ser peregrino: coragem e vida ilibada. Se o peregrino não tiver coragem, nunca prosseguirá no caminho; E se sua vida for manchada, manchará também o nome dos peregrinos. (p. 190)
A escrita de Bunyan é simples, além de muito envolvente. Seus ensinos são edificantes e profundos. Uma leitura fluída e reflexiva. Vale a pena conferir!
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