Resenha | O grande divórcio – C. S. Lewis
“O grande divórcio” (The Great Divorce, a dream) ou “O grande Abismo” do icônico escritor Lewis é uma alegoria cristã que narra uma viagem de ônibus do inferno para o céu. Os personagens são confrontados a decidir em abandonar o amor ao seu “deus” (trabalho, dinheiro, dons, bens materiais...) e se entregar por completo ao Deus vivo.
Todo sentimento é santo quando a mão de Deus o governa. Todo o sentimento se deteriora quando se estabelece por conta própria e se transforma em um falso deus. (p.111)
Lewis deixa claro que não tem intenção de despertar a curiosidade a cerca de detalhes da vida após a morte. Mas de transmitir uma mensagem edificante através de uma fantasia. A obra foi publicada pela primeira vez como uma série no jornal The Guardian em 1944 e em 1945 como livro. Seu título original era "Who Goes Home?" (Quem vai para casa?).
Veja mais livros de C. S. Lewis:
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- Cartas de um diabo a seu aprendiz
- Cristianismo Puro e Simples
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Esclarecendo o título do livro “O grande divórcio”, aborda uma resolução da obra "O Casamento do céu e do inferno" de Willian Blake, o qual trata que o homem pode conviver com o céu e o inferno juntos dentro de si. Para Lewis isso está fora de cogitação e o seu livro trata do divórcio dos dois. Logo antes de iniciar a história faz um esboço da moral citando George MacDonald: "Não, não há escapatória. Não existe céu com um pouco de inferno, nenhum plano para guardarmos um pouco do diabo em nosso coração ou em algum lugar escondido. Satanás deve ir embora e, com ele, cada vestígio seu, por menor que seja. "
Lewis também se inspirou nas obras “A Divina Comédia” de Dante Alighieri e “O peregrino” de John Bunyan para escrever sua ficção. O livro possui um narrador que observa as reações das pessoas que fizeram a viagem, o dilema que cada um sofre em ter que abandonar tudo do inferno para ficar no céu ou não abandonar e retornar para o inferno. As histórias nos leva a questionar se estamos tentando moldar as vontades e pecados, de uma forma que se adeque no céu, para que não seja preciso abandoná-lo. O mal jamais se transformará em bem. Queremos o céu, mas não queremos abandonar o inferno. E isso é terminantemente impossível, não há como conciliar os dois, para escolher um terá que excluir o outro.
Apenas um bom: Deus. Tudo o que é bom, é bom quando se volta para ele, e tudo o que é ruim, é ruim quando se afasta dele. (p. 117)
É um livro fantástico! Não achei de fácil compreensão, mesmo usando uma escrita simples, porém as história são bem reflexivas, então, vale muito a pena embarcar nessa viagem junto com Lewis e seus personagens. Com certeza irá se identificar com algum deles e questionar a si mesmo, sobre a forma que estais a tratar o pecado: será que deseja realmente abandoná-lo ou está tentado melhorá-lo para que ele caiba no céu? Os dois não podem coexistir na mesma alma, um tem que sair para que o outro possa entrar. Fica aí mais uma dica de leitura.
Sinopse: O romance atemporal sobre uma viagem de ônibus do Inferno para o Céu. Em O grande divórcio, C. S. Lewis novamente emprega seu formidável talento para fábulas e alegorias. O escritor se encontra no Inferno embarcando em um ônibus com destino ao Paraíso. A incrível oportunidade é que, quem quiser ficar no Céu, fica. Este é o ponto de partida para uma meditação extraordinária sobre o bem e o mal, a graça e o julgamento. A ideia revolucionária de Lewis é a descoberta de que os portões do Inferno estão trancados por dentro. Nas próprias palavras de Lewis, "Se insistirmos em manter o Inferno (ou mesmo a terra), não veremos o Céu: se aceitarmos o Céu, não seremos capazes de reter nem mesmo as menores e mais íntimas lembranças do Inferno.
Título: O grande divórcio | Autor: C. S. Lewis | Editora: Thomas Nelson Brasil (1ª Ed. 2020) | Páginas:160 | Gênero: Ficção cristã | Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐
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