Estudo bíblico | Jesus condena os hipócritas (oito ais)
Em um de seus sermões, Jesus fala a multidão e aos discípulos sobre a conduta dos líderes religiosos. Primeiro, descreve o perfil do falso líder (v. 1-12), em sequência, fala de sua condenação (13-36), os quais profere “oito ais”, ou seja, advertências às práticas indevidas dos escribas e fariseus.
Neste discurso, a palavra mais usada por Jesus para se referir aos fariseus foi “hipócrita”, que significa, falso, dissimulado, aquele que finge ser o que não é, neste caso, eram mestres da lei, que se portavam como pessoas fiéis às Leis, no entanto, não tinham um relacionamento com Deus. Por isso, Jesus os chama de falsos religiosos, denunciando publicamente seus pecados. E alerta o povo: “Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam” (Mt 23:2-3).
Os escribas e fariseus eram líderes religiosos que viviam de forma incoerente com a palavra de Deus. Eram hipócritas pois apenas atuavam como mestres dignos de admiração, todavia, suas obras não condiziam com suas práticas abusivas e impiedosas. Assim, Jesus condena os fariseus e escribas, declarando “oito ais” aos falsos líderes religiosos:
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1. Ocultação da verdade
“— Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar”. (Mt 23:13)
Não pregavam o arrependimento, instigavam as pessoas a buscarem bênçãos, mas não o Deus abençoador, evangelizavam com enfoque nos milagres, por distorcerem as escrituras e não ensinar adequadamente a palavra de Deus afastaram muitos dos caminhos da verdade, pois, dessa forma, o povo não crê no Deus vivo, mas nas vitórias advindas dEle, fechando as possibilidades da entrada no reino de Deus por falta de conhecimento.
2. Exploradores da fé das pessoas
“— Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.” (Mt 23:14)
A expressão “devorar a casa das viúvas”, advém do fato que os fariseus as extorquiam e administravam suas propriedades. Naquela época, as viúvas eram mulheres frágeis, e para mascarar as más intenções, os fariseus faziam longas orações, para demonstrar uma piedade que não existia.
3. Evangelização adequada às próprias convicções
“— Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.” (Mt 23:15)
A missão dos falsos líderes não era propagar a palavra de Deus, mas o proselitismo religioso, ou seja, converter às pessoas utilizando-se das escrituras adaptadas às suas próprias convicções. A finalidade não era glorificar a Deus, mas, ser glorificado. Assim, seu falso ensino, ao invés de levar o pecador ao arrependimento, o fazia pecar ainda mais.
4. Induzem ao erro
“— Ai de vós, guias cegos! Que dizeis: — Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou. Insensatos e cegos! Pois, qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?” (Mt 23:16-17)
O cristão deve honrar sua palavra, por isso, muitos líderes religiosos estimulavam as pessoas ao juramento, fazer declarações solenes a coisas que lhes dessem lucro, visavam o ganho pessoal. Eram “guias cegos” porque ensinavam que era errado jurar pelas coisas sagradas, mas recomendava o juramento por ouro, assim, o cristão não poderia se arrepender de sua palavra para que seu ganho não fosse comprometido.
5. Valorização das leis em detrimento das virtudes
“—Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas. Guias cegos! Que coais um mosquito, e engolis um camelo.” (Mt 23:23-24)
Os fariseus supervalorizavam os dízimos, eram exigentes quanto ao cumprimento da lei, todavia, manter as tradições tornaram-se mais relevantes que cultivar os frutos do espírito. Observe que Jesus não está condenado o dízimo, mas sua prática abusiva e uso indevido. Em síntese, Jesus quis dizer: continuem a dar o dízimo, mas antes de o dar, revista-se de fé, honra e misericórdia.
Atualmente, a busca pelo lucro, tem a tendência de ser uma das maiores formas de corrupção na igreja. Fé, misericórdia e ensino da palavra ficam em segundo plano, pois, para muitos, o que interessa mesmo é quantidade de cristãos que vão abrir a carteira.
6. Más intenções
“— Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo, para que também o exterior se torne limpo.” (Mt 23:25-26)
Os fariseus interpretavam as escrituras conforme seus próprios ensinamentos. Eram exigentes na prática das leis e tradições, mantinham uma aparência de pureza exterior, no entanto, no interior habitava as más intenções dos pensamentos e a impiedade do coração, eram como um objeto mal lavado, que por fora parece estar limpo, mas por dentro continua sujo. O que contamina o homem não é o que entra, mas o que sai do coração (Mt 15:17-19), não é o que está do lado de fora, mas o que está do lado de dentro. Assim, é preciso examinar a si mesmo (1 Co 11:28) e identificar o pecado (Sl 139:23-24), esvaziar-se (Fl 2:7), purificar o coração e renovar o espírito (Sl 51:10).
7. Vivendo de aparências
“— Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (Mt 23:27- 28)
Jesus compara os fariseus a túmulos pintados de branco que mesmo estando aparentemente limpo, com uma lápide ornamentada, por dentro só tem podridão e odor. Os fariseus mantinham um perfil de honra e decência, contudo, neles não habitava o avivamento do Senhor.
Ser como um sepulcro caiado, é o mesmo que viver mascarado, aquele que “pousa” de bom cristão prega, canta, louva..., mas ao tirar a máscara a podridão exala o odor do pecado. Quando há um paradoxo entre ser e viver, é porque existe incoerência entre a maneira de agir e a palavra de Deus.
8. Perseguição ao povo de Deus
“— Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: e tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido cúmplices no derramar o sangue dos profetas. Assim, vós testemunhais contra vós mesmos que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.” (Mt 23:29-32)
Os fariseus e escribas eram dissimulados, demonstravam apreço pelos profetas cuidando dos seus túmulos. Ao praticar falso senso de justiça, reconheciam que sobre seus descendentes há o sangue dos profetas. Jesus os condena porque eles carregavam no coração a mesma intenção de seus antepassados, de perseguir e matar os cristãos.
Conclusão
"– Cuidado com os falsos profetas! Eles chegam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens." (Mt 7:15)
Portanto, sejam cautelosos para não distorcer a palavra de Deus, não retire nem acrescente nada além do que está escrito. Interpretações devem ser condizente com as Escrituras e não formuladas por convicções próprias como faziam os fariseus.
Além disso, “Tenham cuidado para que ninguém os torne escravos por meio de argumentos sem valor, que vêm da sabedoria humana. Essas coisas vêm dos ensinamentos de criaturas humanas e dos espíritos que dominam o Universo e não de Cristo.” (Colossenses 2:8)
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